Este tipo de arritmia cardíaca ocorre quando há uma dissincronia nas contrações das cavidades do coração: as aurículas, que recebem o sangue vindo dos diferentes tecidos e órgãos, e os ventrículos, que bombeiam o sangue para todo o corpo.
Este tipo de arritmia cardíaca ocorre quando há uma dissincronia nas contrações das cavidades do coração: as aurículas, que recebem o sangue vindo dos diferentes tecidos e órgãos, e os ventrículos, que bombeiam o sangue para todo o corpo.
A fibrilhação auricular é uma arritmia causada pela ativação anormal, irregular e usualmente rápida das aurículas. Esta situação pode levar a que o sangue permaneça mais tempo nas aurículas, o que conduz à formação de pequenos coágulos que podem ser arrastados pela corrente sanguínea para qualquer parte do corpo. Se se alojarem nas artérias que irrigam o cérebro podem provocar um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A fibrilhação auricular é o distúrbio do ritmo cardíaco mais comum e está presente em cerca de 5% da população com mais de 65 anos e 10% com mais de 80 anos.
De acordo com o tempo de duração da fibrilhação auricular esta pode ser classificada em:
Os sintomas de fibrilhação auricular podem variar de pessoa para pessoa. Alguns pacientes sentem palpitações e batimentos cardíacos irregulares e estão imediatamente cientes quando a fibrilhação auricular começa. Outros sentem desconforto no peito, falta de ar, tonturas, vertigens ou cansaço geral, sem terem palpitações. Em alguns indivíduos, os sintomas de fibrilhação auricular podem estar presentes em repouso, enquanto noutros aparecem durante o exercício.
As principais manifestações da fibrilhação auricular são:
Palpitações
Desmaio
Falta de ar
Dor no peito
No entanto, muitas pessoas com fibrilhação auricular não apresentam qualquer sintoma, podendo a arritmia ser descoberta por acaso, por exemplo, durante um check-up de rotina ou quando utilizam dispositivos portáteis.
A fibrilhação auricular apresenta vários fatores de risco, nomeadamente:
Os fatores de risco também podem estar relacionados com o estilo de vida:
O rastreio da fibrilhação auricular pode ser feito através de diferentes ferramentas como a palpação do pulso, monitorização automática da frequência cardíaca aquando da medição da pressão arterial, eletrocardiografia, dispositivos de fotopletismografia e outros sensores utilizados em aplicações para smartphones, pulseiras e relógios.
Os smartwatches e outros dispositivos medem passivamente a frequência cardíaca no pulso através da utilização de sensores óticos para fotopletismografia e alertam o utilizador caso detetem alguma variação ou irregularidade na frequência cardíaca.
A utilização de aplicações de saúde para dispositivos móveis, tais como telemóveis e smartwatches para a deteção de fibrilhação auricular, tem tido um rápido desenvolvimento. No entanto, a utilização da maioria destes dispositivos não está clinicamente validada.
Quando a fibrilhação auricular é detetada por uma ferramenta de rastreio, incluído dispositivos móveis, é necessário um eletrocardiograma (ECG) para confirmar o diagnóstico. Contudo, devido ao possível carácter episódico que a fibrilhação auricular pode apresentar, o ECG pode não apresentar alterações. Neste caso, pode recorrer-se a uma técnica denominada eletrocardiografia de ambulatório (Holter), em que o doente usa uma máquina de ECG portátil, geralmente durante 24 horas seguidas, ou mesmo a implantação de um registador de eventos que permite o rastreamento por dias/semanas.
O tratamento da fibrilhação auricular deve ser centrado no doente e ter em consideração três principais componentes:
Os doentes com fibrilhação auricular e risco aumentado de AVC devem iniciar terapêutica anticoagulante, exceto os doentes com elevado risco de hemorragia.
O risco de AVC é calculado pelo seu médico que se irá basear na existência dos seguintes fatores: insuficiência cardíaca, hipertensão, idade igual ou superior a 65 anos, diabetes, antecedentes de AVC ou acidente isquémico transitório, e doença vascular. Esta terapêutica inclui antagonistas da vitamina K, como a varfarina, ou anticoagulantes orais.
Se lhe forem prescritos anticoagulantes orais (NOAC), o médico terá de monitorizar a sua função renal. Se a função renal deteriorar, poderá ser necessário reduzir a dose do medicamento. Estes medicamentos podem ser tomados sem ser necessário monitorizar o INR e não são influenciados por alimentos. É extremamente importante que um NOAC seja tomado todos os dias conforme prescrito pelo seu médico. O efeito secundário mais comum que ocorre com todos os medicamentos anticoagulantes é hemorragia. Na maioria dos casos, a hemorragia não é grave, como hematomas ou uma pequena hemorragia nasal.
O controlo da frequência cardíaca é habitualmente suficiente para melhorar os sintomas associados à fibrilhação auricular. O controlo farmacológico da frequência cardíaca (<110 batimentos por minuto) pode ser feito através de beta-bloqueantes, antagonistas dos canais de cálcio, digitálicos, amiodarona ou terapia combinada.
A escolha do medicamento é feita pelo seu médico e baseada na frequência cardíaca que deve ser atingida, sintomas e presença de insuficiência cardíaca e/ou hipertensão.
O controlo do ritmo cardíaco, ou seja, a restauração do ritmo normal (chamado ritmo sinusal) deve ser feita quando, após um episódio de fibrilhação auricular, o ritmo normal não é restaurado. O seu médico tem duas opções para a restauração do ritmo sinusal: recorrendo a medicamentos ou através de cardioversão elétrica. Os medicamentos são chamados antiarrítmicos. A cardioversão elétrica é realizada no hospital, recorrendo a um desfibrilhador que administra um choque elétrico. O impulso elétrico gerado para brevemente os sinais elétricos gerados pelo coração e, desta forma, restaura o ritmo sinusal.
No caso de a medicação não conseguir controlar a frequência cardíaca ou causar efeitos secundários, pode ser feita ablação do nódulo AV e a implementação de um pacemaker. Este último vai controlar a frequência cardíaca de forma permanente e a sua implantação deve ser feita antes da ablação do nódulo AV por forma a manter a contração adequada dos ventrículos.
Para além de terapêutica especifica para a fibrilhação arterial, o seu médico irá fazer o controlo de outras condições que podem contribuir para o agravamento da mesma:
É possível minimizar o risco de ocorrência de fibrilhação auricular através das seguintes medidas que ajudam a modificar os fatores de risco:
Como as palpitações nem sempre são detetáveis, a fibrilhação auricular pode estar presente sem que esteja a ser devidamente tratada, o que pode levar a complicações graves.
Uma vez que a fibrilhação auricular perturba o fluxo sanguíneo, pode estar na origem de outros problemas cardíacos, como a insuficiência cardíaca. Está também associada ao aumento do risco de demência, AVC e consequente morte.
A redução do risco de coágulos no sangue, e o controlo da frequência e do ritmo cardíaco são as prioridades aquando do tratamento da fibrilhação auricular. Portanto, é imperativo:
Os cuidadores de pessoas com fibrilhação auricular devem estar atentos a sintomas como palpitações, dor no peito ou náuseas. Devem, também, tentar evitar situações que possam ser stressantes para o doente.
O desenvolvimento de tecnologia de monitorização dos batimentos cardíacos através de aplicações nos smartphones permite um melhor controlo da fibrilhação auricular possibilitando, por sua vez, uma rápida resposta a qualquer irregularidade na frequência cardíaca. No entanto, é sempre importante o conselho médico relativamente a estas aplicações.
Se tiver palpitações persistentes e rápidas, dor no peito ou náuseas deve encarar isso como um sinal de aviso. Nesse caso, contacte de imediato com ajuda médica no hospital.
Normalmente a prática de exercício físico com fibrilhação auricular não é aconselhável. Durante o exercício físico, o coração pode bater a um ritmo muito acelerado, agravando a condição da doença cardíaca e podendo mesmo levar a diminuição da tensão arterial, desmaios e até insuficiência cardíaca. No entanto, se a fibrilhação auricular estiver a ser controlada através da regulação do batimento cardíaco, em muitos casos é possível voltar à prática de exercício físico. Contudo, é imperativo que questione o seu médico antes de tomar qualquer decisão.
Sim, é possível. Para algumas pessoas a fibrilhação auricular começa com palpitações ou dores no peito. No entanto, se as palpitações não forem detetadas pela pessoa, e se o processo não for detetado por algum tempo, o primeiro sintoma da condição pode mesmo ser um enfarte do miocárdio. Os fatores de risco como a idade e o stress emocional aumentam a probabilidade de a fibrilhação auricular causar um enfarte do miocárdio. Não obstante, esta situação pode acontecer em indivíduos jovens.
Hindricks G, Potpara T, Dagres N, Arbelo E, Bax JJ, Blomström-Lundqvist C, et al. 2020 ESC Guidelines for the diagnosis and management of atrial fibrillation developed in collaboration with the European Association of Cardio-Thoracic Surgery (EACTS). Eur Heart J. 2020.
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