Acidente Vascular Cerebral

Doença Cardiovascular

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma doença caracterizada pelo início súbito de sintomas neurológicos como resultado de lesões cerebrais da parede vascular e barreira hemato-encefálica.

Definição

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma doença caracterizada pelo início súbito de sintomas neurológicos como resultado de lesões cerebrais da parede vascular e barreira hemato-encefálica.

As lesões cerebrais são provocadas por alterações da circulação sanguínea a nível cerebral, de que resulta o compromisso da função cerebral.

O AVC pode ser de dois tipos: isquémico (o mais frequente) ou hemorrágico.

A localização e a extensão das lesões provocadas pelo AVC determinam o quadro neurológico apresentado por cada doente, variando entre ligeiros ou graves, temporários ou permanentes.

Aterosclerose

Sintomas

O início do AVC é marcado pela ocorrência abrupta ou rapidamente progressiva de paralisia de um dos lados do corpo. Esta resulta de uma lesão no lado oposto do cérebro.

No caso de interrupção da passagem de sangue para o cérebro, p. ex. devido a um coágulo (AVC isquémico), os sintomas instalam-se subitamente em alguns minutos ou horas. No caso de ocorrência de uma hemorragia cerebral (AVC hemorrágico), a ocorrência é mais dramática, acompanhada de dores de cabeça intensas e de vómitos e, por vezes, de uma perda de consciência breve ou que evoluiu para coma.

Dores de cabeça intensas

Vómitos

Perda de consciência

Dislipidémia

Causas

Os factores de risco mais frequentemente associados ao AVC são: a aterosclerose, a hipertensão arterial, o tabagismo, o colesterol LDL elevado, a diabetes mellitus, a obesidade, as doenças valvulares e arritmias cardíacas, a hereditariedade, o sedentarismo e a idade (a probabilidade de ocorrência de AVC aumenta com a idade).

As causas menos frequentes de AVC são alguns tipos de reumatismo, o uso de drogas como a cocaína, e doenças do sangue e da coagulação sanguínea.

Os antecedentes de Acidentes Isquémicos Transitórios (AITs) aumentam a probabilidade de o doente sofrer um AVC (dentro dos próximos 5 anos).

Diagnóstico

  • Tomografia computadorizada (TAC)
  • Ressonância Magnética Nuclear Crânio-encefálica (RMN-CE)
  • Análises ao sangue (hemograma, medição da glicose no sangue e determinação do perfil de gorduras no sangue)
  • Electrocardiograma
  • Holter
  • Ecocardiograma transtorácico/transesofágico
  • Medição ambulatória da pressão arterial
  • EcoDoppler carotídeo e transcraniano
  • Hemoglobina S
  • Serologia Lyme e Brucelose
  • Punção lombar
  • Biópsia leptomeníngia
Tromboembolismo Venoso

Tratamento

Existem dois timings de tratamento de AVCs: a terapia imediatamente após o AVC (no hospital) e a reabilitação pós-AVC:

  • Terapia imediatamente após o AVC: esta terapia tenta parar o AVC enquanto este decorre, dissolvendo/removendo os coágulos de sangue, estabilizando a placa aterosclerótica e impedindo a agregação plaquetária ou parando a hemorragia. O objectivo é salvar o máximo possível de matéria encefálica que esteja privada de oxigénio e nutrientes o mais rapidamente possível.
  • Reabilitação pós-AVC: Logo que se estabilize a situação clínica inicia-se a reabilitação que consiste em diferentes técnicas que ajudam a recuperar o mais possível a função afetada. Permite ao doente recuperar (total ou parcialmente) as incapacidades provocadas pelo AVC. A reabilitação é possível devido à enorme capacidade do nosso cérebro em aprender e mudar.

Prevenção

A prevenção do primeiro AVC ou de um AVC recorrente baseia-se no controlo dos fatores de risco, tais como a hipertensão arterial, a fibrilhação auricular e o colesterol aumentado:

Atuam no coração e nos vasos sanguíneos, ou aumentam a eliminação do sal da circulação sanguínea. Existem vários medicamentos contra a hipertensão arterial e é frequente tomar-se mais do que um ao mesmo tempo. Os efeitos secundários possíveis são a impotência sexual, cefaleias, tonturas, diminuição do potássio e do magnésio no sangue, e a tosse crónica, que podem levar ao abandono do tratamento.

Previnem a formação de coágulos no sangue (anticoagulantes) ou dissolvem os coágulos já existentes (trombolíticos).

      1. Anticoagulantes – impedem a formação de coágulos, estabilizam os existentes e evitam que fragmentos de coágulos se separem e bloqueiem um vaso sanguíneo. Estes medicamentos podem ser administrados por via intravenosa, quando se pretende um efeito imediato, ou oralmente (anticoagulantes orais). Estes últimos são usados no tratamento preventivo de doentes com elevado risco de AVC.
      2. Antiagregantes plaquetários – tornam o sangue mais fino, pois reduzem a viscosidade das plaquetas que ajudam na coagulação do sangue.
      3. Medicamentos trombolíticos –dissolvem os coágulos que se tenham formado e que estejam a bloquear os vasos mais importantes.

Alguns lípidos (gorduras), como o colesterol LDL e os triglicéridos, podem acumular-se no sangue e formar placas nas artérias, uma situação chamada de aterosclerose. Se estas placas diminuírem ou impedirem o fornecimento de sangue ao cérebro ou ao coração pode ocorrer um AVC ou um Enfarte Agudo do Miocárdio. Estes medicamentos atuam reduzindo o colesterol e/ou os triglicéridos do sangue.

Complicações

As complicações do AVC englobam problemas motores que surgem como complicação secundária da paralisia de um dos lados do corpo, face ou mesmo problemas de sensibilidade cutânea.

  • Pneumonia
  • Infeção do trato respiratório
  • Formação de coágulos de sangue nas veias das pernas, os quais podem atingir a circulação dos pulmões, provocando um tromboembolismo pulmonar potencialmente fatal;
  • Incontinência urinária

O que pode fazer?

Medir os níveis de colesterol

Medir periodicamente a sua tensão arterial

Praticar exercício físico

Evitar o sedentarismo e o excesso de bebida alcoólicas

Adotar uma alimentação saudável, evitando as gorduras e os açúcares em excesso.

Não deve fumar

Rastrear possíveis arritmias

Viver após um AVC

Um ano após o AVC mais de metade dos doentes não evidencia paralisia de um dos lados do corpo. A recuperação das áreas afetadas deve começar o mais breve possível. É imperativo o controlo dos fatores de risco e a participação em programas de reabilitação desenvolvidos por profissionais interdisciplinares.

Os cuidadores de pessoas com AVC devem ter em atenção as alterações psicológicas do doente a nível emocional (desânimo, ansiedade e depressão) e de suporte social que vão afetar o empenho do doente na sua recuperação. Perante a diminuição das expectativas de recuperação ao nível cognitivo, emocional e físico, a recuperação do doente, independentemente da sua idade, pode ficar comprometida.

Sinais de Aviso

O AVC pode dar sinais muito diversos, dependendo da zona do cérebro atingida:

  • Fraqueza ou formigueiro na face, no braço ou na perna, num dos lados do corpo;
  • Confusão, tonturas, alteração na fala ou compreensão;
  • Alteração da visão;
  • Alteração do equilíbrio, coordenação- ou alterações no andar;
  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

 

O primeiro passo é contactar imediatamente a emergência médica (INEM) ligando para o número 112. O INEM irá ativar a Via Verde do AVC para beneficiar do melhor tratamento.

Perguntas frequentes

Pode ficar com um dos lados do corpo paralisado, necessitando de terapia de reabilitação/fisioterapia.

Sem dúvida. Deve manter uma alimentação equilibrada, exercício físico moderado, controlo do perfil lípido e tensão arterial.

Perguntas a fazer ao seu médico

1. O que provoca um AVC?

2. Preciso de fazer medicação preventiva para toda a vida?

3. Quais os tipos de tratamentos existentes?

4. Quais os principais fatores de risco para um AVC?

Referências Bibiliográficas

1. Powers WJ, Rabinstein AA, Ackerson T, Adeoye OM, Bambakidis NC, Becker K, Biller J, Brown M, Demaerschalk BM, Hoh B, Jauch EC, Kidwell CS, Leslie-Mazwi TM, Ovbiagele B, Scott PA, Sheth KN, Southerland AM, Summers DV, Tirschwell DL. 2018 Guidelines for the Early Management of Patients With Acute Ischemic Stroke: A Guideline for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2018; 49: e46-e110. doi:10.1161/str.0000000000000158