Cancro do Estômago

Oncologia

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O cancro do estômago, ou cancro gástrico, é o termo geral que denomina qualquer tipo de tumor maligno que surge nas células numa das camadas de revestimento do estômago 1. As células tumorais são células saudáveis que perdem a capacidade de morte celular programada, e, por isso, dividem-se progressivamente de forma descontrolada, acelerada e sem limite, transformando-se em células tumorais 2.

A grande maioria dos cancros do estômago têm origem na mucosa, sendo o adenocarcinoma o tipo histológico mais frequente, em 95% dos casos 3.

O cancro do estômago representa 6% de todos os tipos de cancro diagnosticados no mundo, com variada distribuição geográfica e comportamento agressivo 1,3. A maior parte dos casos concentra-se nas regiões da Ásia Oriental, sobretudo no Japão e na China 1,4.

A nível mundial, é o quinto tipo de cancro com maior taxa de mortalidade 1. Portugal apresenta a maior incidência de cancro do estômago da Europa Ocidental, sendo o quinto cancro mais frequente a nível nacional. Destaca-se uma clara incidência superior na Região norte do país.2

Cerca de 36% das pessoas são diagnosticadas num estadio avançado, dado que na Europa não existem programas de rastreio para a deteção precoce, devido, principalmente, à incidência reduzida ou moderada em comparação com a Ásia Oriental 3,5.

Referências:

  1. Globocan 2022. Disponível em https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/cancers/7-stomach-fact-sheet.pdf
  2. https://ron.min-saude.pt/media/2223/ron-2020.pdf Consultado em outubro 2024.
  3. Martín-Richard M et al. SEOM clinical guideline for the diagnosis and treatment of gastric cancer (GC) and gastroesophageal junction adenocarcinoma (GEJA) (2019) Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31989475/
  4. OncologyPro ESMO, Epidemiology, risk factors and pathogenesis. Disponível em: https://oncologypro.esmo.org/content/download/83181/1558926/1/2021%20ESMO%20Essentials%20for%20Clinicians%20Gastrointestinal%20Tract%20Tumours%20Chapter%201.pdf
  5. https://www.cancer.org/cancer/types/stomach-cancer/detection-diagnosis-staging/survival-rates.html Consultado em outubro 2024.

Habitualmente, o cancro do estômago começa com sintomas muito inespecíficos o que dificulta a sua deteção precoce.

Os sintomas mais frequentes são os seguintes:

  • Indigestão ou azia;
  • Perda de apetite;
  • Desconforto ou dor abdominal na parte superior;
  • Alterações do ritmo intestinal (diarreia ou obstipação);
  • Náuseas e vómitos;
  • Dilatação do estômago após as refeições;
  • Fraqueza ou cansaço.

E podem aparecer sintomas como perda de peso e hemorragia digestiva em caso de agravamento.

Os principais sinais detetados no exame objetivo são os seguintes:

  • Presença de nódulos, massas ou inchaço no abdómen;
  • Organomegalias (inchaço dos órgãos);
  • Ascite (acumulação de líquido no abdómen);
  • Adenopatias (gânglios aumentados).

Referências:

  1. https://www.ligacontracancro.pt/cancro-do-estomago-sintomas/ Consultado em outubro 2024.

O diagnóstico de cancro do estômago é baseado principalmente no seguinte:

  1. História clínica e exame objetivo: informação sobre os antecedentes familiares e pessoais, os sintomas e a situação do doente.
  2. Análises ao sangue: para determinar o estado dos órgãos e detetar se existe anemia.
  3. Gastroscopia (Endoscopia digestiva alta) com ou sem ecografia endoscópica: permite visualizar o interior do esófago e estômago. Além disso, são realizadas biopsias das lesões suspeitas para obter uma amostra de tecido da zona suspeita, que será analisada pelo patologista.
  4. Exames de imagiologia:
    1. O exame radiológico principal é a tomografia computorizada (TAC) que fornece informação sobre o tumor em diferentes zonas do corpo. É muito útil para determinar se existem ou não metástases e é também utilizado para fazer biopsias guiadas.
    2. Dentro da Medicina Nuclear, os dois exames principais são os seguintes: tomografia por emissão de positrões (PET, na sigla em inglês) para medir a atividade metabólica dos tecidos e tumores, e gamagrafia óssea para verificar se o cancro se disseminou para os ossos.
  5. Exames adicionais para complementar o diagnóstico, como laparoscopia, para verificar se o tumor se disseminou na cavidade abdominal.
  6. Estudo de anatomia patológica: estudo histológico da biopsia ou da peça cirúrgica que serve para confirmar o diagnóstico, analisar as suas características e determinar o seu perfil molecular.

Além destes exames, a análise molecular é muito importante, para analisar as possíveis alterações e identificar os biomarcadores para utilização de terapêuticas dirigidas.

Referências:

  1. https://seom.org/info-sobre-el-cancer/estomago?start=5 Consultado em outubro 2024.

O cancro é classificado segundo fases ou estadios em que se encontra a doença. O estadiamento da doença é muito importante já que é um dos fatores que determinam a escolha do tratamento dos doentes.

A classificação mais utilizada para o cancro do estômago é o estadiamento TNM da UICC/AJCC:

  • “T”: Tumor. Estabelece o tamanho do tumor do estômago e se está ou não em contacto com outras estruturas vizinhas.
  • “N”: Gânglios (Nodes em inglês). Descreve se existe, ou não, nos exames radiológicos envolvimento dos gânglios linfáticos próximos do tumor.
  • “M”: Metástases. Identifica se existem ou não metástases à distância.
EstadioDefinição
Estadio 0 ou carcinoma in situ:É a fase mais inicial do cancro. Está localizado na parte mais superficial da mucosa. Sem infiltração noutras camadas do estômago, sem invasão dos gânglios regionais, nem metástases distantes.
Estadio I:

Estadio 1 significa que o tumor começou a invadir a parede do estômago. Divide-se em Estadio 1A e 1B.

· Estadio 1A: o tumor está nas camadas internas do estômago (a mucosa), mas não cresceu para além da camada de suporte (submucosa) da parede do estômago.

· Estadio 1B: o tumor cresceu através da mucosa e da submucosa, mas não cresceu para além da camada muscular da parede do estômago. Pode ter-se espalhado para 1 ou 2 gânglios linfáticos próximos.

Estadio II e Estadio III:São fases intermédias. O estadio II tem melhor prognóstico que o estadio III.  Para estabelecer estes estadios, são considerados o nível de envolvimento da parede gástrica e o número de gânglios afetados pelo tumor.
Estadio IV:É a fase mais avançada, com pior prognóstico. Existem metástases distantes noutros órgãos.

A sobrevivência dos doentes está relacionada com o estadio em que se encontram, diminuindo à medida que aumenta o estadio.

AJCC: American Joint Committee on Cancer; UICC: Union for International Cancer Control

Referências:

  1. https://seom.org/info-sobre-el-cancer/estomago?start=7 Consultado em outubro 2024.

Existem diferentes classificações, segundo a sua histologia, sendo os dois subtipos histológicos principais os seguintes: 1

  • Tipo difuso ou indiferenciado: produz metástases mais cedo, pelo que apresenta pior prognóstico. Está mais relacionado com fatores genéticos.
  • Tipo intestinal ou diferenciado: com desenvolvimento mais lento e melhor prognóstico, é mais frequente em populações envelhecidas, com maior incidência em homens. Está mais relacionado com fatores ambientais.

Além disso, existe outra classificação molecular segundo o TCGA (Cancer Genomic Atlas), não correlacionada com o prognóstico da doença, que classifica estes adenocarcinomas em quatro subtipos moleculares 2:

  • Tumores positivos para o vírus de Epstein Barr.
  • Tumores instáveis por microssatélites.
  • Tumores genomicamente estáveis.
  • Tumores com instabilidade cromossómica.

Referências:

  1. https://seom.org/info-sobre-el-cancer/estomago?start=7 Consultado em outubro 2024.
  2. Nakamura et al. Biomarker-targeted therapies for advanced-stage gastric and gastro-oesophageal junction cancers: an emerging paradigm. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33790428/

A escolha do tratamento é sempre abordada por uma equipa multidisciplinar onde intervêm fundamentalmente: gastrenterologistas, cirurgiões, oncologistas, radiologistas e patologistas 1.

O cancro do estômago pode tratar-se através de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapêutica dirigida ou imunoterapia. As recomendações e opções de tratamento dependem de vários fatores, como por exemplo: o tipo e estadio do cancro do estômago, os efeitos secundários possíveis e ainda as características do doente 1,2.

Referências

  1. https://www.ligacontracancro.pt/cancro-do-estomago-metodos-de-tratamento/ Consultado em outubro 2024.
  2. Martín-Richard M et al. SEOM clinical guideline for the diagnosis and treatment of gastric cancer (GC) and gastroesophageal junction adenocarcinoma (GEJA) (2019) Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31989475/

Biomarcador: Indicador biológico que serve para detetar a exposição a um processo fisiológico, e que se utiliza para diagnosticar uma doença. Pode ser de diagnóstico ou prognóstico. 1,2

Mutação genética: Uma mutação é uma alteração na sequência de ADN de um organismo. As mutações podem dever-se a erros na replicação do ADN durante a divisão celular, à exposição a agentes mutagénicos ou a uma infeção viral. Nem todas se transmitem aos descendentes ou são nocivas para o nosso organismo. 3,4

Cancro do Estômago

Portugal tem a maior taxa de câncro de estômago na Europa Ocidental.

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