Tromboembolismo Venoso

Doença Cardiovascular

tromboembolismo venoso (TEV) é uma condição clínica que inclui duas patologias: a trombose venosa profunda e a embolia pulmonar.

Definição

tromboembolismo venoso (TEV) é uma condição clínica que inclui duas patologias: a trombose venosa profunda e a embolia pulmonar.

trombose venosa profunda (TVP) é causada pela formação de coágulos sanguíneos nas veias profundas, normalmente nas veias da parte inferior da perna, coxa ou zona pélvica, mas pode também ocorre noutras veias, nomeadamente nas veias nos membros superiores. O coágulo que se forma interrompe ou diminui o fluxo sanguíneo levando à acumulação de sangue na zona em causa.

embolia pulmonar (EP) ocorre quando um coágulo, ou parte do coágulo, se liberta e atinge as artérias pulmonares.

A trombose venosa profunda é a principal causa de embolia pulmonar: cerca de 50% dos doentes com trombose venosa profunda têm embolia pulmonar oculta e 30% dos doentes com embolia pulmonar têm trombose venosa profunda.

A embolia pulmonar é uma condição mais grave do que a trombose venosa profunda e pode ser fatal.

A embolia pulmonar pode ser classificada como:

  • Maciça: a função ventricular direita é prejudicada pela hipotensão por um período superior a 15 min. Nestes casos, o risco de morte nas horas ou dias seguintes está aumentado.
  • Submaciça: a função ventricular direita é prejudicada, mas não ocorre hipotensão.
  • Pequena: não há alteração da função ventricular direita, nem hipotensão.
Tromboembolismo Venoso
Aterosclerose

Sintomas

Os principais sinais e sintomas da trombose venosa profunda no membro afetado são:

Dor

Inchaço

Alteração da sensibilidade

Sensação de calor

Alterações na cor da pele para vermelho ou arroxeado

Por vezes a trombose venosa profunda não dá sintomas e os acima descritos podem aparecer de forma repentina ou lentamente ao longo de dias ou mesmo semanas.

Os principais sintomas de embolia pulmonar são:

Ansiedade

Alterações na frequência cardíaca: mais rápido do que o normal ou irregular

Diminuição da pressão arterial

Alterações no estado mental: em doentes idosos, pode ser o primeiro sintoma

Falta de ar

Tosse (com ou sem expetoração; pode ter sangue)

Dor ou desconforto no peito

Tonturas

Enfarte Agudo do Miocárdio

Fatores de risco

Há vários fatores que contribuem para a trombose venosa profunda:

  • Idade superior a 40 anos;
  • Antecedentes familiares;
  • Obesidade;
  • Colesterol elevado;
  • Diabetes;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Tabagismo;
  • Diminuição do retorno do sangue das veias ao coração;
  • Hospitalização prolongada;
  • Imobilização: estar acamado mais de 3 dias ou viagens longas com duração superior a 4 horas;
  • Sedentarismo;
  • Tratamentos hormonais, tais como moduladores do recetor de estrogénio e contracetivos orais.
  • Gravidez e até 6 semanas após o parto;
  • Fraturas dos membros inferiores;
  • Cancro, tais como o do pâncreas, pulmão, estômago e cérebro, principalmente nos doentes idosos e com trombose recorrente.

Diagnóstico

O rastreio de TEV é feito com recurso à história clínica e ao exame objetivo realizado pelo seu médico. No caso da suspeita de TEV ser baixa, o médico pode pedir análises ao sangue para determinar a quantidade de umas moléculas denominadas D-dímeros. No entanto, a ecografia com estudos de fluxo com Doppler é o meio de diagnóstico que permite efetivamente diagnosticar a TEV. Pode também ser realizada uma venografia para verificar o estado das veias.

Se surgirem sinais e sintomas de embolia pulmonar são necessários exames adicionais de imagem, como angio-TAC, angiografia pulmonar ou ecocardiograma.  

Tromboembolismo Venoso

Tratamento

Os anticoagulantes são os principais fármacos utilizado no tratamento, no caso de lhe ser diagnosticado um TEV ou estiver em risco de sofrer um TEV. Os anticoagulantes parentéricos são geralmente o primeiro tratamento aplicado, seguido de um anticoagulante oral.

Dependendo do local e do risco de aparecimento de trombose venosa profunda, o médico irá determinar a duração do tratamento com anticoagulantes. Normalmente, o tratamento dura entre 1 e 3 meses, após os quais deve ser feita uma reavaliação pelo médico. Em alguns casos o tratamento pode ser mantido durante toda a vida.

O tratamento da embolia pulmonar é feito com recurso aos anticoagulantes mencionados anteriormente, por um período não inferior a 3 meses. No entanto, estes doentes também podem necessitar de tratamento com oxigénio ou ventilação e/ou terapêutica dirigida ao coração, nos casos em que o ventrículo direito é afetado.

Em doentes com embolia pulmonar submaciça pode ser necessária a administração de fármacos que dissolvam os trombos.

Nos casos mais graves pode ser equacionada a cirurgia ou a colocação de um filtro na veia cava inferior para travar a chegada dos coágulos/êmbolos às artérias pulmonares.

Prevenção

Para prevenir o tromboembolismo venoso devem ser adotadas medidas que previnam a formação de um coágulo sanguíneo:
  • Alimentação saudável e equilibrada;
  • Exercício físico regular;
  • Não fumar;
  • Avaliar o risco de TEV, caso venha a ser submetido a uma cirurgia;
  • Fazer medicação anticoagulante preventiva, em casos de risco elevado de desenvolver TEV, de acordo com a decisão do seu médico.

Para prevenir a trombose venosa profunda pode:
  • Fazer elevação de cerca de 10 cm dos membros inferiores, quando estiver deitado ou sentado e na impossibilidade de se levantar por alguma condição médico-cirúrgica;
  • Utilizar meias de compressão graduada de acordo com a indicação do seu médico;
  • Fazer exercício físico moderado, nomeadamente caminhadas, de acordo com a sua condição física e com as indicações do seu médico.

Complicações

As complicações mais comuns da trombose venosa profunda são:

  • Insuficiência venosa crónica que pode causa desconforto, inchaço e alterações na pele da perna;
  • Síndrome pós-trombótico: é a insuficiência venosa crónica com a presença de sintomas após trombose venosa profunda;
  • Embolia pulmonar: é uma situação mais delicada do que a trombose venosa profunda podendo, nos casos mais graves, levar à morte.

Viver com tromboembolismo venoso

Se tiver história prévia de tromboembolismo venoso deve:
  • Controlar os fatores de risco, nomeadamente a alimentação, hipertensão arterial e obesidade;
  • Manter a medicação correta e não faltar às consultas agendadas, uma vez que pode correr o risco de agravar a situação;
  • Fazer caminhadas, evitando o sedentarismo e a formação de novos coágulos;
  • Se estiver a tomar anticoagulantes deve evitar a toma de medicamentos da ervanária, pois podem interferir com a medicação.

Os cuidadores de pessoas com história prévia de tromboembolismo venoso devem:
  • Promover pequenas caminhadas quando possível, pois ajuda a melhorar a circulação e reduzir o risco de um novo episódio de TEV.
  • Em doentes acamados, elevar os membros inferiores com a ajuda de uma almofada, o que reduz a pressão nas veias e ajuda a melhorar o fluxo sanguíneo.
  • Fornecer ao doente uma alimentação adequada. Em doentes a fazer varfarina, a ingestão de vegetais de folhas verdes (p. ex. espinafres, couve de Bruxelas, salsa) deve ser controlada, uma vez que eles têm alto teor de vitamina k, o que pode interferir no tratamento anticoagulante.

Sinais de Aviso

Deverá estar atento a todos os sinais e sintomas descritos, nomeadamente:
  • Dor, inchaço e alterações na cor da pele dos membros inferiores;
  • Falta de ar e dor no peito que pode ser sinais de uma complicação como embolia pulmonar.

Se estiver a fazer medicação anticoagulante, deve ter atenção a qualquer sangramento e consultar o seu médico.

Perguntas frequentes

Se for de carro, deve parar a cada 1-2 horas e fazer pequenas caminhadas. Nas viagens de avião deve exercitar os músculos enquanto está sentado. Isso pode ser feito rodando o pé à volta do tornozelo ou levantando os dedos do pé do chão.

Sim, é obrigatório pois os anticoagulantes podem interferir no tratamento que lhe vai ser dado.

Se estiver a fazer terapia anticoagulante deve informar o seu médico da intenção de praticar desportos de contacto, para que lhe possa explicar todos os riscos e como proceder em caso de acidente, uma vez que estes desportos aumentam o risco de hemorragia.

Perguntas a fazer ao seu médico

1. Como posso calcular o meu risco de tromboembolismo venoso?

2. O que devo fazer para evitar o tromboembolismo venoso?

3. Após um episódio de tromboembolismo venoso, quando devo regressar à consulta para fazer uma nova avaliação da situação?

4. Posso viajar?

5. Se ficar grávida, como é gerida a medicação anticoagulante?

Konstantinides SV, Meyer G, Becattini C, Bueno H, Geersing GJ, Harjola VP, et al. 2019 ESC Guidelines for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism developed in collaboration with the European Respiratory Society (ERS). Eur Heart J. 2020;41:543-603.

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